quinta-feira, 30 de agosto de 2007

COMIDA

Comida! Hoje vi diversas pessoas com problemas de “comida”. Alguns por comer demais, outros por comer de menos. Mas, eu como não só porque preciso, mas também, porque eu gosto. É bom lambuzar os beiços com um grandioso e engordurado torresmo....claro que acompanhado por uma bela cachaça De torresminho evoluo para uma carne-de-panela e depois para um lambari frito. É pensar que até alguns anos atrás eu era vegetariano. Tira gosto? Só de alface! No máximo uma abobrinha a milanesa e um bolinho de espinafre. Hoje, a carne sangrando é a que mais me atrai. Sentir o gosto daquele líquido viscoso que escorre do bife sendo batido ou do churrasco queimando pingando na brasa. É lógico, que tudo isso acompanhado com um digestivo. Caipirinha, cervejinha, vodca etc. tudo menos vinho. O vinho eu reservo para as noites de massas e para os queijos. Não por eu ser chique, muito pelo contrário, não entendo nada de etiqueta. Sempre comi com as mãos ou com o garfo na mão direita. Existe algum problema nisso? Quem comprova! Mas a verdade é que comer é bom. Veja o exemplo dos animais. Só comem, bebem água, trepam e dormem. (Talvez seja por isso que sejam animais!) então, os seres humanos que também só fazem isso, podem ser considerados como seres humanos?

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

NOSTALGIA

éramos crianças e estávamos juntos
separados com os olhos molhados buscando as estrelas
navegantes perdidos nos mares da vida

tuas mãos nas minhas
tua alvorada tão alva na minha noite de ébano
tuas asas tão claras e minhas asas tão negras

éramos crianças e brincávamos felizes
cantamos nossas cantigas com a cotovia e o rouxinol
dançamos ao redor do fogo como homenzinhos verdes do bosque

teu sorriso marfim
teu espelho de águas no meu oceano profundo
teus sonhos inocentes e meus pesadelos de homem

éramos crianças e nem sabíamos
como correr através dos campos e voar com as borboletas
como coisas tão pequenas podem ser tão importantes

tuas palavras e as minhas
tua imagem de anjo no meu reflexo de demônio
tua dança de cigana e minhas cambalhotas de arlequim

era madrugada e estava frio
éramos crianças no final do outono e a música vinha de longe
o sol nascia
queimando meus olhos
te levando
de volta
ao teu palácio
de
céu...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

ELEGIA AO ONTEM

Abri-te as portas do Paraíso,
oh Admirável Mundo Novo!
O ontem se foi, o amanhã está longe!
Resta-me o hoje, como nunca!
- Resta-me o hoje como ontem! Gritou o Jangadeiro

vivendo o hoje de olhos erguidos
com saudades do ontem
sem derramar lágrimas amanhã
por algumas culpas do hoje!
Pois um dia nunca é igual ao outro...

ah! o coração que diz bom dia ao Sol
e espera ardentemente a Lua...
ah! o coração que beija a terra molhada do Verão
e chora como as estrelas do Outono...
Coração que congela no Inverno
e floresce como flor na Primavera...

um dia nunca é igual ao outro!
hoje as flores são brancas, amanhã amarelas...
hoje a criança chora, amanhã sorri...
O Jangadeiro seca o suor da testa,
sente a carícia da brisa e grita:
- O hoje amanhã será ontem!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

ISTO É SUA VIDA?

Você sonha todas as noites com seu futuro?

Você sonha com uma televisão de 29 polegadas, com um carro esporte de último modelo, com um celular, com um computador de última geração, com uma cozinha bem montada, com uma sala com estofados verdes e almofadas roxas, com um jogo de porcelanas javanesas, com uma mesa triangular e cadeiras encapadas com couro de antílope? Você sonha todas as noites com coisas novas? Coisas que você vê nestas revistas de decoração e informática, em informativos de concessionárias de carros e de lojas de eletrodomésticos? Você sonha com tudo isso? Você sonha com roupas novas, um smoking tão diferente e transado de todos que já viu, gravatas de seda chinesa e um sapato italiano com cadarços vermelhos? Você sonha com uma casa grande e confortável em um bairro fino, com um apartamento no prédio mais alto e com uma chácara na praia sensação do momento? Você sonha em ser convidado para as festas mais badaladas da sociedade, apertar a mão e receber sorrisos amarelos de gente famosa comendo caviar russo com champagne francês? Você sonha com drogas mais pesadas, com calmantes mais eficientes e mais canais em sua TV a cabo? Você sonha em ser modelo da Vogue, posar nu para a Playboy e ser o destaque do Flash? Você sonha em mudar para a capital, ficar rico e ser chamado de bacana? Você sonha em ser o mais inteligente da classe, tirar sempre “A” em todas as matérias e participar dos grupos de pesquisa? Você sonha em ser um rock star, fazer sucesso com as garotas e se drogar sem problemas? Você sonha com uma promoção, um escritório maior e um frigobar com vinho e queijo suíço? Você sonha em ser surfista, deixar o cabelo crescer para sair da escola? Você sonha com um distintivo, sair pelas ruas matando pessoas e ainda ser chamado de “Senhor”? Você sonha com um amante, mais novo e mais sexy? Você sonha com Ferrarri, Hollywood e Viagra? Você sonha com Telma e Louise, James Dean e John Wayne? Com Superman, Tom e Jerry, Mickey Mouse; Microsoft, IBM, Linux; Havaí, Panamá, Alpes; presidência, assessoria, desenvolvimento; CD, MD, DVD; Rolex, Citizen, Quartz; Tóquio, Nova Yorque, Rio de Janeiro; Harley, Volkswagem, Suzuky; Carnaval, Halloween, Octoberfest; Nike, Rainha, Olimpikus; cerveja, wisky, campari; globo, band, sbt; Wacken, Rock in Rio, Woodstock; Vision, Zoomp, Cavalera; LSD, Marijuana, Coca-cola; Guaraná antártica, pizza, cinema; MGM, Marvel, Fox; cartão de crédito, cheque ao portador, telemarketing; iogurte, sucrilhos, bacon; cabeleireiro, manicure, futebol; dentista, médico, jardineiro; mordomo, cozinheira, psicólogo; Ray ban, extintores e camisinha? Você sonha com tudo isso e muito mais? Sua vida é medida por sua imaginação e por quanto você tem na carteira?
Abra seus olhos e ouvidos: - Você não é bonito, não é feio e nem precisa comer tanto.
Isto é sua vida? Bem vindo ao futuro...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

POESIA

no tronco da árvore desfolhada
a coruja cinza fez um ninho
e a criança pueril retorcendo-se entre os galhos
alimenta os seus filhotes...

o falcão intocado de penugens marrons
com os olhos amarelos crava as garras
o pobre canto sofrido é ouvido
o jardim silencia com o uivo do cão

o choro distante de uma mãe perdida
se confunde com a alegria dos canários impassíveis
o fogo-fátuo do pântano lodoso
enfeita a tarde mortal no bosque de esculturas

a fonte dos querubins está seca
jaz por terra o arco e o violino
a donzela vestida de azul caminha descalço
procurando a carícia do jovem jardineiro desnudo
...que chora com os olhos furados
pelas setas de um cupido marmóreo
disparada pelo senhor dos páramos verdes
que sacrifica a inocência no altar de ouro...

pois
a coruja sem filhotes chora de viuvez e tristeza
vendo seu ninho vazio nas lágrimas da criança
não há mais árvore florida onde possa dormir
não há mais ninho macio onde possa sonhar
não há mais tempo para lucidez infecunda...

...a fonte já está seca e as árvores desfolhadas
as carpas vermelhas morreram sem o adeus de seu mestre
os pássaros coloridos voam para além da cerca abandonada
a donzela morre donzela nos afagos das mãos calejadas
de seu jovem jardineiro brônzeo pelo sol da tarde

...borbulha a água escura do pântano
e a coruja cinza morre de sede
suspirando uma última canção

o cão já está dormindo
os canários já se foram
e o senhor dos páramos verdes ceia sozinho
à luz tênue dos castiçais prateadosdisfarçando uma lágrima em um cálice de vinho...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O ELEMENTO HUMANO

Chega de migalhas! O tempo não me dá direito a elas e nem as quero. A criança de ontem que se contentava com tão pouco, despertou adulta hoje e quer caminhar com as próprias pernas.

Chega de fragmentos! Tudo o que quero é o “tudo”. O tudo que ao mesmo tempo é o nada. O nada e o tão pouco, mas que pode completar vidas, construir destinos e realizar sonhos.
Chega de beijos de olhos abertos nos momentos bons. Nos maus momentos eu também preciso deles.

Chega de mistificações! A única coisa que quero é ser eu mesmo e esquecer meus personagens. O fraque do ilusionista já está muito desbotado. Não há mais coelhos na cartola e nem cartas na manga. A maquiagem branca já não esconde as rugas do velho palhaço que não sabe mais contar piadas. As sábias palavras do poeta já não inspiram sussurros na lua e nem lágrimas no sol. Chega de brincar de mestre dos bonecos! O teatro da vida é duro e diferente, muitas vezes absurdo e ilusório.

Chega de compartilhar apenas sorrisos, quero também compartilhar lágrimas. Quero seca-las do teu rosto e quero que seque as minhas. Não quero apenas cantar minhas canções, quero também ouvir as tuas e se quiseres e eu também, cantaremos juntos. Não quero apenas ouvir tuas poesias e palavras doces, quero também ouvir os lamentos e as amarguras da tua vida.

Chega de presentes caros nas festas! Quero apenas uma florzinha amarela num dia de domingo à tarde e um beijo de bom-dia na segunda de manhã. Não estarei contigo apenas nos momentos de tua alegria, na tristeza também estarei perto, tão perto que poderás chorar no meu ombro o quanto quiseres e se não quiseres chorar, entenderei que às vezes temos que chorar sozinhos.

Não te condenarei quando demonstrar que não compartilhardes de minhas idéias, pois cada um de nós é uma estrela e cada estrela brilha no seu céu. Não quero te acorrentar ao meu destino e quando partires em busca dos teus sonhos, quem serei para julgar-te certo ou errado? Quem eu serei para acusar-te de egoísmo? Egoísta eu serei se fizer isso! És uma estrela, e como tal, tens um céu para governar...

Não pedirei nada que não quiser me dar. Esperarei tranqüilo dentro da crisálida prateada o momento do despertar e alcançar os ventos outonais. Não me ofenderei e nem te ofenderei quando quiser partir e tu não deixar! Às vezes uma estrada surge em nossa frente e com os pés descalços e feridos por espinhos, devemos caminhar até a encruzilhada sob os salgueiros e escolher um caminho. Minha estrada já não tem tantos caminhos, cansei-me das curvas, cansei-me das idas e vindas, cansei-me dos atalhos que nos deixam ainda mais longe do paraíso.
Cansei de ouvir que todos homens deveriam ter cabelos compridos e todas as mulheres serem independentes. Cansei de ouvir que todos homens deveriam ser fortes e todas as mulheres magras. Como é bom não ser como Pedro, João ou José. Como é bom não ser como Maria, Teresa ou Lúcia. Como é bom ter nossa própria loucura, nosso próprio modo de falar, nosso próprio jeito de se vestir e andar, nosso próprio sonho. Tudo que é próprio é muito bom, quer seja mau ou quer seja bom.

Cansei de dançar no mesmo ritmo de músicas invisíveis, danço seguindo as batidas do meu coração e cada coração bate de um jeito. Cansei de pedir, cansei de dar. Nada é tão dado. Nada é tão incondicional. Amor incondicional? Paixão contida. Do que vale ser um gênio dentro da lâmpada? Pra quê decifrar o enigma da esfinge, quando o bom seria ser devorado por ela?

Como é bom ser uma metamorfose entrando em metástase na alma, pois chegará o dia que as portas serão abertas e as janelas quebradas, e o pássaro amarelo será liberto de seu cativeiro para perecer no sereno da noite de inverno. Isso é loucura incondicional! Loucura incondicional? Uma desculpa que esconde o medo de sermos nós mesmos. O medo de conhecermos como somos. É muito fácil ser louco, pois o sol nasce para todos. É muito fácil ser racional, pois as estações mudam! Somos inferiores aos deuses, pois eles são os senhores de seu próprio destino, mas também somos superiores a eles, pois enquanto eles permanecem imutáveis desde o início dos tempos, nós homens mudamos a cada onda e a cada brisa.

Chegará o dia em que nossos sorrisos não esconderão mais nossas dores e neste dia não quero que vertas tuas preciosas lágrimas em minha homenagem e não quero ver-te de joelhos pedindo o bálsamo para minhas feridas ao mundo. Não quero que desconhecidos meus e teus, me abracem solidariamente quando estiver morrendo e não quero que na tua morte, seja consolado por um melhor amigo.

Ninguém me conhece tanto e nem conheço ninguém o bastante para considera-lo como “meu melhor amigo”. O melhor de se ter um melhor amigo, é que assim saberá quem te trairá primeiro. Alguns com um beijo, com frases lisonjeiras e outros, com um punhal. Prefiro um punhal cravado no peito e não palavras vis sussurradas por língua-de-serpente e beijos frios.

Como seria bom morrer em paz sem ver a dor nos olhos daqueles que ficarão, pois chegará o tempo em que o mesmo portal que me viu entrar me verá sair e aí sim saberemos quem somos e o que somos. Vendo tudo de fora, aí sim entenderemos por que o elemento humano é algo tão incompreensível aos olhos que não enxergam. Aí compreenderemos por que somos semelhantes aos deuses e ao mesmo tempo tão diferentes destes. Aí veremos os dois lados da moeda e também sua extremidade e, justamente, nas pequenas extremidades é que veremos o verdadeiro elemento humano, este que se manifesta nas coisas mais pequeninas e desinteressantes que nunca damos uma real importância.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

POERESIA

Lábios vermelhos...
Batom sabor sangue...de imagens de barro
...de madeiras podres

mórbidos adornos de paredes amarelas
corações emparedados....
olhos mortos...mãos descascadas
milagres impossíveis de lágrimas de gesso...
sofrimento alheio....
casos de cartas manuscritas em caixas de madeira....
...cestos de ouro
...cofres de prata

alcovas sagradas...de homens santos
...missionários da amargura

Bem-aventurados os que morrem...
...sem as correntes do dogma...
Pobres dos fiéis...
...que acordam cedo aos domingos...
Felizes sejam os infiéis...
...que celebram estrelas....
...pó e infinito

...labirinto da felicidade...

09/08/2007

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

ELOGIO AO ÓDIO

Eu odeio acordar cedo, mas odeio muito mais dormir até tarde
Eu odeio quem fala pouco, mas odeio muito mais quem fala muito
Eu odeio quem não sabe de nada, mas odeio muito mais quem sabe de tudo
Eu odeio quando o telefone toca muito, mas odeio muito mais quando ele nunca toca
Eu odeio pessoas que não gostam de política, mas odeio muito mais políticas que não gostam de pessoas
Eu odeio quem que não sorri, mas odeio muito mais quem sorri só para mostrar os dentes
Eu odeio a sociedade alternativa, mas odeio muito mais alternativas para sociedade
Eu odeio mentiras, mas odeio muito mais certas verdades
Eu odeio igrejas que se parecem bancos, mas odeio muito mais bancos que agem como igrejas
Eu odeio pessoas que dizem “bom-dia”, mas odeio muito mais quem não responde “boa-noite”
Eu odeio quem não faz nada, mas odeio muito mais quem reclama do que gosta de fazer
Eu odeio a globalização, mas odeio muito mais internet com conexão lenta
Eu odeio finais felizes, mas odeio muito mais domingo a tarde em dia de chuva
Eu odeio quem bate, mas odeio muito mais quem apanha
Eu odeio ônibus lotado, mas odeio muito mais ir a pé pro trabalho
Eu odeio programas infantis, mas odeio muito mais programas de adultos
Eu odeio usar óculos, mas odeio muito mais não enxergar direito
Eu odeio limpar a casa, mas odeio muito mais não ter uma casa pra limpar
Eu odeio lavar pratos, mas odeio muito mais pratos sujos dentro do armário
Eu odeio barulho de crianças, mas odeio muito mais o silêncio delas
Eu odeio brancos que querem ser negros, mas odeio muito mais negros que querem ser brancos
Eu odeio reacionários, mas odeio muito mais revolucionários que não reagem
Eu odeio neoliberais, mas odeio muito mais marxistas que falam alto
Eu odeio samba, bossa-nova, liqüidificadores antigos
Eu odeio sogros e sogras, cunhados e primos
Eu odeio o que não sei, pois é fácil odiar o que desconheço,
Mas odeio muito mais o que sei, pois é bom odiar o que conheço...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

TRINTA E TRÊS ANOS

Tenho 33 anos. A maioria deles mergulhados na depressão de dividir o mesmo mundo dos cegos. Não os cegos de visão, pois estes são felizes por não verem fealdade dos atos humanos. Mas aqueles cegos, que mesmo enxergando, se recusam a “ver”. Riem dos indignados. Aquietam o espírito dos aventureiros. Apagam o brilho nos olhos do revolucionário.

Mais triste que perder a vida é perder a razão de viver. Mas existe vida após os trinta? Ou é preciso comprá-la dos senhores do saber? Nos grandes palácios do capitalismo diversional vive a essência das velhas tabernas? Ó velho taverneiro desdentado, serás substituído por ninfas plásticas de sorrisos robóticos!

Há exatamente duas décadas, sofri meu primeiro enfarte. Meu coração parou nos lábios aveludados de uma criança senil. Se os poetas cantaram as belezas do mundo. Eu cantei a feiúra do homem. Seus desatinos e desvarios.

Há exatos 15 anos me perdi na penumbra da noite. Busquei aquilo que meus pais abominaram. “Seja honesto e constitua uma família”! Rechacei a inocência da mãe e o infortúnio do pai. Mergulhei nos cabelos perfumosos das meretrizes. Minhas manhãs de domingo são regadas a vômito e aspirinas. Persegui Zaratustra e dele arranquei os olhos. Do ermitão centenário sorvi a última gota de jovialidade.

Busquei a sabedoria na mesa do bar. E os meus bares prediletos são freqüentados por ladrões e assassinos. Por prostitutas e travestis. Nas madrugadas mais frias, eu bebo do vinho mais caro ao lado das mulheres mais baratas.

Fui parceiro do jogo. Se Thoreau foi preso por não pagar impostos, os governos deveriam ser destituídos por cobrá-los. Se os camponeses foram mortos por conspirar contra os reis, todos os reis e rainhas deveriam ter nascido estéreis. Sêmen vazio e útero infecundo. Adeus aos herdeiros bastardos! Louco é quem vê beleza na estática humanóide dos belos.

Dos primogênitos, invejo o fígado inchado pelo álcool. Dos mais jovens, invejo a precocidade das escolhas erradas. Dos idosos, invejo o sangue vertido pelas idéias de liberdade. Ah Mr. Zumbi, sua vontade de correr livre pelos prados imperiais é compartilhada pelos filhos da república. Os grilhões de hoje estão nas prateleiras dos supermercados e nas vitrines das lojas. A senzala foi trocada por gigantescas fábricas. O senhor feudal quase nunca aparece. O feitor usa terno e gravata e nariz de palhaço e, o tronco, aprisiona os sonhos.

Tenho trinta e três anos. A doença é o troféu de vitória. A solidão, as medalhas de prata. A face do belo de garoto de lábios finos, hoje é coberta por extensa barba. Os cabelos encaracolados, hoje estão abaixo dos ombros. Tenho trinta e três anos. A idade em que Cristo foi crucificado. Não me pareço em nada com ele, mas amo todas as Madalenas do mundo.
06/02/2007